07-05-2024
A aquacultura, ou aquicultura, tem sido alvo de debates acalorados quando se trata da sua sustentabilidade. Sendo uma prática que envolve a criação de organismos aquáticos, como peixes, moluscos e crustáceos, em ambientes controlados, a aquacultura enfrenta críticas e elogios em igual medida.
Por isso, vamos explorar alguns dos mitos mais comuns e separar a verdade da ficção no que toca à sustentabilidade da aquacultura nos dias de hoje.
A principal razão da existência da maioria das explorações aquícolas hoje em dia, principalmente na União Europeia, é precisamente o contrário desta ideia.
Em primeiro lugar, a aquacultura pretende dar resposta ao consumo de peixe por parte de uma população cada vez mais crescente, de maneira a que se reduza a pressão sobre as espécies marinhas causadas pela sobrepesca. Assim, conseguimos continuar a consumir a mesma quantidade de peixe, sem extinguir espécies e desequilibrar ecossistemas.
Outra vantagem da aquacultura é que, ao contrário da pesca selvagem, não há a captura acidental de outras espécies, muitas vezes ameaçadas.
Ainda relativamente a este assunto, também é de referir que a aquacultura não pretende de todo substituir a pesca selvagem, mas apresentar-se como um complemento, para que as duas actividades possam subsistir equilibradamente, sem causar danos significativos no meio ambiente.
Para além disto, em termos de práticas agrícolas, a aquacultura é o método de produção animal com a menor pegada de carbono, que por sua vez é relativamente baixa, como pode comprovar na seguinte tabela:
Relativamente às descargas resultantes da prática de aquacultura, as mesmas são orgânicas e resultam de duas fontes: alimentos não consumidos e excrementos dos próprios peixes. Ambos são biodegradáveis e facilmente utilizados pela maioria dos ecossistemas aquáticos. Não é demais dizer que a gestão responsável destes resíduos resulta de planos de gestão eficazes, localização adequada e regimes regulamentares que garantem a minimização dos seus impactos negativos.
Também existe a adopção de várias práticas sustentáveis por parte das explorações modernas, tais como a utilização de sistemas de recirculação de água, que reduzem o desperdício e a poluição, e a produção de espécies nativas da área onde se encontra a exploração, de maneira a não haver impacto no ecossistema local, tal como é o caso da Região Autónoma da Madeira (R.A.M.).
Sempre é importante referir que toda a produção aquícola da União Europeia está sujeita a regras e directrizes rigorosas que têm como objectivo a segurança alimentar e práticas sustentáveis, sendo que explorações que não as sigam, não podem simplesmente exercer actividade.
Por seu lado, o consumidor também pode ajudar a reduzir a pegada de carbono do sector no que toca ao transporte dos produtos. Se escolher comer peixe produzido localmente, está a diminuir a pegada, pois o peixe não precisou de grande transporte para chegar até ao cliente.
Outro facto é que a aquacultura não produz apenas peixes, mas também algas, mexilhões, amêijoas e ostras. Estas espécies não precisam de ser alimentadas, pois são filtradores e alimentam-se dos nutrientes existentes na água. Isto elimina a necessidade da utilização de peixe selvagem como alimento, bem como melhora a qualidade das águas envolventes.
No nosso caso, para além de cumprirmos a regra ditada pela R.A.M., de produzir uma espécie nativa, trabalhamos com apenas um fornecedor de ração, a Biomar, o que torna mais fácil a rastreabilidade sustentável das nossas douradas. Para além disso, é um fornecedor que se orgulha de procurar constantemente maneiras de tornar o seu produto ainda mais sustentável do que já é, sem descurar a sua excelente qualidade e benefícios nutricionais.
De momento, estamos no processo de obter uma das certificações de sustentabilidade, para comprovar que a nossas explorações aquícolas são verdadeiramente sustentáveis.
Concluindo este tema, o importante é não generalizar e analisar caso-a-caso, pois realmente ainda existem no mundo explorações aquícolas prejudiciais ao meio ambiente. Contudo, o caminho que o sector está a percorrer, é o de se tornar numa prática cada vez mais sustentável.
Embora isto possa ter sido verdade há vários anos atrás, hoje, à escala global, a aquacultura utiliza cada vez menos peixe selvagem na alimentação dos seus peixes, o que contribui muito para a sustentabilidade na aquacultura.
Hoje em dia, em média, é utilizada cerca de meia tonelada métrica de peixe selvagem para uma tonelada métrica completa de pescado cultivado. E a tendência desta percentagem é a de diminuir, pois, a procura de fontes alternativas que fornecem os mesmos nutrientes essenciais é constante e já se tem conseguido implementar algumas.
O nosso fornecedor de ração, a Biomar, é um perfeito exemplo disto, pois, como já referido no ponto anterior, eles estão sempre à procura de maneiras de tornar o seu produto cada vez mais sustentável, e a redução da utilização de peixe selvagem na composição das suas rações é um dos seus objectivos principais.
Embora a aquacultura possa ter desafios económicos, como qualquer outra atividade, ela também oferece oportunidades significativas de crescimento económico e desenvolvimento sustentável da área onde está situada. A aquacultura fornece empregos em comunidades costeiras e rurais e estimula o comércio local e internacional, ao fornecer uma fonte confiável de proteína alimentar.
Com o investimento adequado em pesquisa e desenvolvimento, a aquacultura tem o potencial de se tornar uma parte ainda mais importante da economia global.
No caso do nosso grupo empresarial, actualmente empregamos 16 pessoas na empresa ligada à produção aquícola, mais 80 pessoas na empresa responsável pelo processamento e comercialização da dourada produzida.
Já a nível da dinamização da economia local, para além das vantagens indirectas, e do aumento do PIB da R.A.M., a exportação da maior parte da dourada produzida, contribui significativamente para o aumento das receitas na Região Autónoma da Madeira.
Como em qualquer outro setor, existem variadas práticas dentro da aquacultura, algumas mais sustentáveis do que outras. É importante reconhecer que nem todas as explorações aquícolas são iguais e que alguns produtores podem estar mais comprometidos com a sustentabilidade do que outros.
Os consumidores podem aqui também fazer a diferença ao apoiar produtores que adotam práticas sustentáveis e adquirir pescado com certificações de sustentabilidade, tais como o Aquaculture Stewardship Council (ASC), o Global Aquaculture Alliance (GAA) e o Global G.A.P (Good Agricultural Practices).
Concluindo, a sustentabilidade na aquacultura é um tópico complexo que requer uma abordagem equilibrada. Enquanto há desafios a serem enfrentados, também há oportunidades significativas para promover práticas mais sustentáveis e garantir que a aquacultura continue a desempenhar um papel vital na segurança alimentar global.
Com o compromisso de todas as partes interessadas – desde os produtores até aos consumidores – todos podemos trabalhar para criar um futuro mais sustentável.
Se quiser adquirir o excelente produto que é a Dourada da Madeira, não hesite e fale connosco!